É plano de Governo o sucateamento da Ciência e da Educação, afirma cientista brasileira

Segundo cientista da informação, Laura Santana o governo tem "Intenção de desmantelar as estratégias e vitórias institucionais desenvolvidas ao longo dos anos"

No governo do atual presidente Jair Bolsonaro, áreas da Ciência, Tecnologia, Educação e Humanidades, sofrem grandes cortes de verbas e investimento. Para a cientista, o sucateamento e a desvalorização das áreas e instituições é um plano estratégico do Governo para que a sociedade não desenvolva um senso crítico.

Laura é Bibliotecária e Mestre em Ciência da Informação pela Universidade de São Paulo (USP). Atua há mais de 10 anos com editoras científicas. Trabalha próxima ao Ministério da Saúde e da Educação e relata as dificuldades que enfrenta, como os cortes de bolsas na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), desde 2019. Em junho deste ano, mais de 8.000 bolsas permanentes de pesquisa foram cortadas, segundo um estudo realizado pela SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência).

"O Brasil é um dos países do mundo, depois da China e Estados Unidos, que tem a maior produção de artigos científicos" Porém, quando se trata de qualidade a posição cai para 14°, afirma a cientista. Com cortes de bolsas - que já são pequenas, variam entre 400 e 1.500 reais -, verbas e investimento, a sociedade, irá sentir os efeitos negativos a médio e longo prazo.

A carreira acadêmica não possui incentivo por parte do Governo. No Brasil, é necessário ter outra profissão além da de pesquisador, pois está não traz um retorno financeiro para se manter, ficando mais elitista a profissão. Com o negacionismo científico em alta, fake news sobre a pandemia e o sucateamento de Instituições, a "comunidade científica se sente desvalorizada e oprimida" afirma Laura.

Atualmente, Laura, representa o British Medical Journal no Brasil, com divulgação científica e educação de profissionais da saúde para transformação das práticas institucionais baseadas em evidências científicas. Para ela, "Não basta só disponibilizar o conhecimento pelo conhecimento", as pessoas não irão ter condições físicas de acessar a informação, como um computador, ou de entendê-la por conta da linguagem técnica.

A desigualdade social afeta o desenvolvimento do senso crítico e a compreensão da importância da Ciência na sociedade. De um lado, a população possui acesso limitado à informação e a educação. De outro lado, o volume de publicações científicas aumenta com a pandemia. Porém, por serem muitos, as editoras não conseguem fazer uma avaliação minuciosa de todos. Logo, são publicados sem garantia de verificação. Com isso, o Governo utiliza publicações não revisadas para criar fake news sobre o coronavírus.

Para a cientista, o crescimento de divulgadores científicos, como o biólogo de pesquisador brasileiro, Átila Iamarino é de extrema importância para a democratização de informações científicas. "Tem todo o respaldo técnico, acadêmico e a linguagem dos leigos". Em relação aos cortes, ela diz " Políticas públicas são a base para qualquer transformação na sociedade", é necessário pessoas especializadas trabalhando. O Governo precisa valorizar financeiramente e socialmente a profissão do cientista.

17/09/2020

#Ciência #Educação #Brasil